A atual gestão política de Candeias, liderada pelo grupo dos Pitágoras, tem demonstrado sinais evidentes de exclusão social e funcional ao tratar com descaso os servidores públicos municipais. Em um cenário onde o país tenta se recuperar economicamente, a cidade se distancia das boas práticas de valorização do servidor. O reajuste de apenas 8% sobre o salário base de R$ 1.492,24, mesmo que aplicado posteriormente, não compensa a defasagem salarial dos quatro primeiros meses do ano em que os trabalhadores receberam menos do que o salário mínimo nacional estipulado em R$ 1.518,00.
Essa realidade revela um profundo desrespeito com aqueles que mantêm os serviços essenciais da cidade funcionando. Profissionais da saúde, da educação, da limpeza pública e da administração têm sido ignorados nas decisões orçamentárias, enquanto a arrecadação municipal bate recordes. Candeias recebe milhões mensalmente em recursos, seja por repasses do FPM, royalties do petróleo ou receitas próprias. No entanto, essa riqueza não se traduz em investimentos humanos, especialmente no que diz respeito à remuneração digna dos servidores.
O que se observa é um arrocho salarial que atravessa décadas, com perdas acumuladas de poder aquisitivo que impactam diretamente a qualidade de vida desses trabalhadores. A defasagem não é apenas numérica, mas simbólica. Quando um governo opta por manter salários abaixo do mínimo nacional por meses, mesmo com recursos em caixa, ele opta deliberadamente por invisibilizar e desvalorizar seus colaboradores. Essa conduta fere princípios de justiça social e eficiência administrativa.
Durante o primeiro quadrimestre do ano, os servidores acumularam um prejuízo de R$ 103,04 apenas pela diferença entre o salário mínimo nacional e o valor pago pelo município. Embora o reajuste de 8% tenha elevado o salário base para R$ 1.611,62 posteriormente, o estrago já havia sido feito. Esse tipo de descuido administrativo evidencia que o compromisso da gestão atual não está alinhado com os interesses da classe trabalhadora que sustenta a máquina pública.
O impacto dessa política de exclusão vai além do bolso dos servidores. Ele reverbera no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade, que permanece baixo diante de tantas possibilidades de avanço. Quando servidores recebem salários incompatíveis com o custo de vida, deixam de consumir, investir em formação, cuidar da saúde e da alimentação — elementos fundamentais para o bem-estar individual e coletivo. Isso compromete não só o presente, mas o futuro da cidade.
A concentração de investimentos em estruturas físicas, festas e publicidade institucional contrasta com a fragilidade da valorização humana dentro da gestão municipal. Isso cria um ambiente de insatisfação e desmotivação entre os servidores, muitos dos quais são mães, chefes de família e únicos provedores de seus lares. A ausência de benefícios adicionais, como plano de saúde, auxílio-alimentação ou gratificações, agrava ainda mais esse cenário.
Candeias deveria ser exemplo de crescimento social e econômico, mas hoje é símbolo de retrocesso. A cidade que arrecada milhões não consegue garantir o básico: um salário justo e digno para quem a serve todos os dias. A matemática da gestão pública precisa ir além dos números: deve incluir justiça, empatia e compromisso com o desenvolvimento humano. A exclusão dos servidores públicos dessa equação é um erro histórico e político.
O grupo dos Pitágoras precisa entender que administrar uma cidade não se resume a obras faraônica ou estratégias eleitorais. A verdadeira transformação começa pela base: servidores valorizados prestam melhores serviços, fortalecem a economia local e ajudam a elevar o padrão de vida da população. Sem isso, qualquer discurso de progresso se torna vazio e enganoso.
É urgente que a população de Candeias abra os olhos para essa realidade. A omissão diante da precarização dos servidores compromete o futuro de todos. Valorizá-los é garantir uma cidade mais justa, mais humana e com reais possibilidades de crescimento. Continuar na contramão da dignidade é manter Candeias presa a um modelo de gestão ultrapassado e cruel. A hora de mudar é agora.
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