A relação entre o presidente Donald Trump e ex-presidente Jair Bolsonaro sempre foi marcada por afinidades ideológicas e interesses comuns e restrito. Nos bastidores, circulam rumores de que Trump estaria pressionando Bolsonaro a adotar posturas mais radicais, exigindo, inclusive, que o atual governo brasileiro interfira diretamente nas instituições, principalmente no Supremo Tribunal Federal.
Especula-se que aliados de Bolsonaro levaram a Trump uma narrativa distorcida, alegando que Lula age como Nicolás Maduro na Venezuela, interferindo no Judiciário e concentrando poder. Essa comparação é vista por muitos analistas como absurda, mas tem servido como pretexto para fomentar uma onda de desinformação nos círculos da extrema-direita.
Uma das supostas exigências de Trump seria que Lula neutralizasse o ministro Alexandre de Moraes e anulasse os processos e julgamentos que tratam da tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Tal pedido, além de inviável jurídica e institucionalmente, seria uma afronta direta ao Estado Democrático de Direito.
No entanto, o que Trump não compreende – ou finge não compreender – é que o Brasil vive sob um regime democrático com instituições independentes. O presidente da República não tem autoridade para interferir no Supremo Tribunal Federal nem para anular sentenças judiciais.
A tentativa de instrumentalizar Lula para beneficiar Bolsonaro revela não só uma má compreensão da política brasileira, mas também uma jogada arriscada de Trump, que enfrenta seus próprios dilemas nos Estados Unidos. Envolvido em investigações e processos, Trump se vê isolado dentro e fora do Partido Republicano.
Cientistas políticos apontam que Trump está sendo seduzido por uma retórica extremista que pode levar ao seu próprio colapso político. Em vez de fortalecer sua base para as eleições legislativas de 2026, ele tem apostado em alianças duvidosas e discursos radicais que afastam o eleitorado moderado.
As eleições legislativas americanas de 2026 serão decisivas. Caso os democratas mantenham ou ampliem sua maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, Trump encontrará ainda mais dificuldades para impor sua agenda política, especialmente se voltar a concorrer à presidência em 2028.
Enquanto isso, Bolsonaro tenta se manter relevante, mesmo inelegível, apostando na desinformação, no vitimismo e em alianças internacionais com figuras como Trump e Orbán. Porém, a conjuntura internacional não é mais favorável à extrema-direita como foi em 2016.
A expectativa de que Lula interfira no STF é não apenas antidemocrática, mas revela o desespero de grupos que não aceitam as regras da democracia. O Brasil, com todos os seus problemas, ainda possui freios e contrapesos institucionais que funcionam, mesmo sob ataques.
Ao se alinhar com Bolsonaro e exigir ações impraticáveis e ilegais, Donald Trump expõe sua própria fragilidade política e sua desconexão com a realidade democrática internacional. Sua estratégia tem mais potencial para destruí-lo do que fortalecê-lo.
Em resumo, o suposto "dever de casa" de Trump está mal feito. Em vez de buscar estabilidade e alianças sustentáveis, prefere seguir o caminho do confronto e da manipulação. Se continuar nessa linha, corre o risco de ser derrotado nas urnas e na história junto com seus aliados extremistas.
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