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Candeias: Entre o Forró, Vaidade pelo Poder e o Retrocesso

 

Forro promoção

Candeias: Entre o Forró e o Retrocesso

Com a chegada do mês de junho, Candeias, assim como todo o estado da Bahia, entra no clima do São João. Quadrilhas, fogueiras, bandeirolas e muito forró tomam conta das praças e ruas, aquecendo os corações nordestinos com cultura e tradição. No entanto, por trás das festas juninas, existe uma realidade que precisa ser enfrentada com seriedade e coragem.

Em Candeias, o São João vem sendo utilizado como ferramenta de marketing político pelo grupo dos Pitágoras, que comanda a prefeitura. "O povo gosta de festa, vamos fazer" — essa tem sido a justificativa pública para os altos investimentos em eventos, enquanto as demandas estruturais do município são empurradas para debaixo do tapete.

É evidente que festas populares têm papel importante na preservação da cultura e até no fomento à economia local. No entanto, quando são utilizadas como instrumento de vaidade e promoção pessoal, sem planejamento de desenvolvimento integrado, elas perdem seu valor social e se tornam apenas cortinas de fumaça.

Candeias enfrenta problemas graves em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. A população lida diariamente com a precariedade no atendimento médico, a falta de medicamentos, escolas sucateadas e ruas esburacadas que dificultam o ir e vir da população.

A mobilidade urbana é outro gargalo. Ruas sem pavimentação, transporte coletivo insuficiente e mal administrado tornam o deslocamento um desafio, principalmente para quem mora em bairros mais afastados do centro.

O município também amarga os piores índices de desenvolvimento humano e econômico da região metropolitana de Salvador. Candeias aparece nos rankings com baixíssima qualidade de vida, ausência de oportunidades e elevado índice de desemprego juvenil.

Os servidores públicos municipais recebem os piores salários da Bahia, convivendo com a ausência de reajustes reais, perdas acumuladas e nenhum tipo de valorização profissional. Tudo isso enquanto a gestão promove festas milionárias.

Outro ponto crítico é a total ausência de um cronograma de desenvolvimento econômico que vá além do período junino. Fora do mês de junho, o comércio local agoniza, os feirantes enfrentam abandono, e a juventude segue sem acesso a qualificação ou primeiro emprego.

A política dos Pitágoras é baseada em imagem, vaidade e manutenção do poder. Em vez de planejar o futuro da cidade, preferem explorar a cultura popular como forma de angariar simpatia momentânea, iludindo o povo com luzes e música enquanto o caos segue em silêncio.

A vaidade do poder tem cegado a administração municipal, que se distancia cada vez mais da realidade vivida pelo cidadão comum. O governo parece mais preocupado com palcos e selfies do que com a dignidade da população.

É preciso lembrar que festa sem dignidade é ilusão. O verdadeiro avanço social não está nas estruturas provisórias dos arraiás, mas em escolas bem equipadas, postos de saúde funcionando, servidores valorizados e oportunidades reais de crescimento.

A grande mudança que Candeias precisa não virá do trio elétrico ou grandes palocos, mas da consciência política de seu povo. É preciso enxergar além da maquiagem do entretenimento e cobrar gestão pública eficiente, honesta e comprometida com o bem-estar coletivo.

Candeias só vai mudar quando seus cidadãos decidirem que merecem mais do que festas. Quando a população exigir respeito, planejamento, educação de qualidade e oportunidades, aí sim, haverá um verdadeiro São João: o da justiça social e do orgulho de viver em uma cidade que prioriza sua gente.

Chegou a hora de dizer basta. O povo de Candeias precisa resgatar sua autonomia e romper com esse ciclo de atraso. A cidade merece mais do que promessas vazias e festas pontuais. Merece respeito, planejamento e um futuro digno para todos.


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