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Candeias: Gestão Eriton em 100 Dias: Marketing Demais, Ação de Menos

 



Recentemente, a população de Candeias foi surpreendida com a divulgação de uma pesquisa que apontou um índice de aprovação de 60% do atual prefeito Eriton Ramos, em apenas 100 dias de gestão. A informação causou estranheza e desconfiança, já que, até o momento, a cidade não presenciou nenhuma obra impactante ou transformação significativa que justifique tamanha aceitação popular. Sem planejamento estratégico divulgado, sem cronograma de ações públicas apresentado, e sem uma pauta clara de prioridades, essa aprovação soa, no mínimo, duvidosa.

Além da ausência de investimentos concretos e visíveis, o governo municipal segue ignorando uma das questões mais urgentes da administração pública: a valorização do servidor municipal. Candeias, lamentavelmente, ostenta o título de ter um dos piores salários públicos do estado da Bahia, e até agora, nenhuma medida foi tomada para corrigir essa distorção. Nenhum reajuste foi proposto, nenhum benefício novo foi garantido, e o diálogo com as categorias permanece ausente. Isso fragiliza ainda mais o serviço público e compromete diretamente a qualidade do atendimento à população.

Enquanto isso, em uma comparação que salta aos olhos, o governador Jerônimo Rodrigues, com apenas dois anos de mandato à frente do estado da Bahia, já acumula 63% de aprovação entre os baianos. Essa aprovação é lastreada por dados concretos: obras em andamento em todas as regiões do estado, construção e entrega de policlínicas, envio de ambulâncias e viaturas, além do reajuste e pagamento do maior piso salarial do Brasil para os professores da rede estadual. A gestão estadual tem mostrado que é possível fazer diferente, mesmo em tempos de restrições orçamentárias.

Na contramão desse exemplo estadual, Candeias vive um cenário de paralisação e abandono. Ruas e passeios esburacados, prédios públicos sem manutenção, escolas com estrutura deficiente e um hospital municipal — o Ouro Negro — que opera sem gerador de energia, o que é uma falha gravíssima em qualquer unidade de saúde. Em situações emergenciais, a falta de energia pode custar vidas, e a ausência de um equipamento tão básico é um reflexo do descaso administrativo.

Outro ponto crítico é a visível deterioração do patrimônio público. Espaços que poderiam ser pontos de cultura, lazer e geração de renda estão completamente esquecidos. O Mercado Cultural, que deveria ser um símbolo de identidade e movimento econômico, está abandonado. A Estação do Trem, que tem valor histórico e turístico, encontra-se em estado lamentável. A cidade que arrecada bilhões de reais em royalties do petróleo não pode conviver com essa negligência.

Diversas denúncias circulam entre os moradores e nas redes sociais, apontando supostos casos de superfaturamento em contratos da prefeitura. Essas acusações, se não forem esclarecidas com seriedade, transparência e investigação, apenas alimentam o sentimento de desconfiança em relação à atual gestão. Ao invés de usar a comunicação institucional para apresentar relatórios, metas e ações concretas, a administração parece preferir investir em estratégias de autopromoção com pesquisas questionáveis.

Os servidores municipais, que carregam nas costas a responsabilidade de manter os serviços essenciais funcionando, seguem desmotivados. A defasagem salarial não é apenas um problema financeiro, mas também um sinal de que a gestão não reconhece nem respeita o papel dos trabalhadores públicos. A ausência de diálogo com os sindicatos e a falta de iniciativas para oferecer qualificação ou melhorar as condições de trabalho refletem o desprezo com que são tratados.

Enquanto Candeias padece, o governo do estado continua a investir em educação, ampliando a rede escolar com construções de unidades como escolas cívico-militares — a exemplo da que foi implantada no município. Esses investimentos representam oportunidades reais de mudança, especialmente para os jovens. Eles demonstram o compromisso da gestão estadual com o futuro, ao contrário da inércia presenciada no governo municipal.

A narrativa de progresso defendida por alguns aliados do prefeito Eriton Ramos entra em choque com a realidade nas ruas. A população não é ingênua: vê, sente e vive diariamente os efeitos do abandono. A propaganda de aprovação, sem respaldo em ações efetivas, não convence aqueles que precisam enfrentar filas na saúde, trânsito caótico por falta de infraestrutura, e salários que não acompanham a inflação nem as necessidades básicas da vida cotidiana.

Para muitos moradores, essa tentativa de construir uma imagem positiva da gestão por meio de números manipulados é um insulto à inteligência coletiva. O que Candeias precisa, de fato, é de uma liderança comprometida com resultados e com o bem-estar da população, e não de uma figura pública que se apoia em pesquisas sem transparência para legitimar a própria inércia administrativa.

O momento é de cobrança. A sociedade candeiense tem o direito e o dever de exigir explicações sobre o destino dos recursos arrecadados, o planejamento para as áreas mais sensíveis — como saúde, educação, infraestrutura — e um calendário real de obras e ações. A gestão pública deve estar a serviço do povo, e não dos interesses de grupos políticos que se revezam no poder sem apresentar propostas reais de desenvolvimento.

É fundamental, também, que os órgãos fiscalizadores façam seu papel. Câmara de vereadores, Ministério Público, Tribunal de Contas e imprensa livre precisam agir com rigor e responsabilidade. O futuro de Candeias não pode ser comprometido por administrações que ignoram os princípios da boa governança, da ética e da transparência.

A cidade tem potencial. A arrecadação vinda da indústria do petróleo, do comércio e de outras fontes é robusta o suficiente para transformar Candeias em referência de gestão eficiente. Mas isso só será possível quando os recursos forem realmente aplicados nas necessidades do povo e não usados como capital político.

A população precisa ser incluída nas decisões, por meio de audiências públicas, consulta popular e canais permanentes de participação. O distanciamento da gestão das ruas e das vozes populares cria um ambiente propício ao autoritarismo e ao favorecimento de poucos. É necessário reaproximar o poder público da realidade vivida pelos moradores.

Por fim, fica o apelo para que o atual prefeito e vereadores reveja suas prioridades. A cidade pede socorro e precisa de gestores que entendam que política não é propaganda e rrede sociais, mas serviço. Aprovação verdadeira se conquista com trabalho no dia dia, resultados e compromisso, não com números frios e desconectados da realidade. A população de Candeias merece respeito, transparência e ação. É hora de virar a página do descaso.

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