O mundo à beira de uma ruptura histórica: mísseis, petróleo e o fim da hegemonia do dólar
Por Portal Nova Candeias
O planeta atravessa um dos momentos mais delicados desde o fim da Guerra Fria. O que antes parecia apenas disputa econômica entre potências agora se transforma rapidamente em uma reorganização profunda do poder global. Armas hipersônicas, novas alianças financeiras e o colapso gradual do domínio do dólar indicam que estamos diante de uma ruptura histórica.
A revelação do míssil hipersônico russo conhecido como Oreshnik chocou analistas militares no mundo inteiro. Diferente dos mísseis convencionais, ele viaja a velocidades extremas e executa manobras imprevisíveis, tornando praticamente inúteis os sistemas de defesa antimísseis do Ocidente. Em termos estratégicos, isso muda tudo. Pela primeira vez em décadas, os Estados Unidos e seus aliados não podem mais garantir que conseguirão interceptar um ataque.
Esse fator quebra o equilíbrio de poder que sustentava a ordem mundial. A capacidade de destruir alvos estratégicos sem possibilidade real de defesa cria uma nova lógica de dissuasão. Não se trata apenas de poder militar, mas de superioridade tecnológica capaz de redesenhar a geopolítica global.
Ao mesmo tempo, a China acelera sua modernização militar. Pequim investe pesadamente em mísseis hipersônicos, frota naval de águas profundas, inteligência artificial e guerra cibernética. A mensagem é clara: a China não se prepara para conflitos regionais, mas para enfrentar um sistema global em transformação.
Nos bastidores, os Estados Unidos também se movimentam. O aumento da presença militar na América Latina não é acidental. Regiões ricas em petróleo, lítio, água e alimentos passaram a ser consideradas estratégicas em um cenário de instabilidade global. Bases, acordos militares e parcerias de “cooperação” se multiplicam, mostrando que Washington se antecipa a um mundo mais caótico.
Enquanto isso, um movimento silencioso abala os pilares do sistema financeiro mundial. A Arábia Saudita começou a vender petróleo fora do padrão exclusivo do dólar, rompendo o chamado petrodólar. Esse acordo, firmado nos anos 1970, sustentou a hegemonia econômica americana por meio século. Sem ele, o dólar deixa de ser a única moeda necessária para comprar energia.
Isso gera um efeito dominó. Menos demanda por dólares significa menos poder para os Estados Unidos financiarem seus déficits, sua dívida e sua máquina militar. O impacto disso no mercado global é profundo e pode provocar turbulências cambiais e crises financeiras em vários países.
Os BRICS entram nesse cenário como protagonistas. Liderados por China e Rússia, o bloco trabalha para construir um sistema financeiro alternativo, baseado em moedas próprias, comércio bilateral e reservas em ouro. O objetivo é reduzir a dependência do dólar e criar uma economia paralela à do Ocidente.
A China, com sua gigantesca capacidade industrial, mercado interno e reservas cambiais, se posiciona como o motor desse novo sistema. Seus investimentos na África, na Ásia e na América Latina já redefinem rotas de comércio, cadeias produtivas e fluxos de capital.
O mundo caminha para uma nova ordem multipolar, onde nenhuma potência consegue impor sozinha suas regras. Isso aumenta a competição, mas também a instabilidade. Sanções econômicas, guerras híbridas, ataques cibernéticos e disputas regionais se tornam armas tão poderosas quanto tanques e aviões.
Países que não entenderem essa mudança correm o risco de ficarem presos a um sistema em decadência. A dependência excessiva do dólar, a falta de autonomia energética e a fragilidade industrial podem se transformar em vulnerabilidades graves.
Não se trata apenas de Rússia contra Estados Unidos ou China contra o Ocidente. O que está em jogo é o fim de uma ordem mundial criada após a Segunda Guerra e o surgimento de outra, ainda sem regras claras.
Estamos entrando em uma era em que o poder será definido por tecnologia, controle de recursos, autonomia financeira e alianças estratégicas. O mundo de 2026 pode ser muito diferente do que conhecemos hoje mais fragmentado, mais competitivo e mais perigoso.
A história está se movendo novamente, e desta vez não há garantias de estabilidade. Quem não se adaptar, ficará para trás.
