Candeias e o Pós-Petrobras: O impacto da privatização da RLAM na economia local e no bolso do candeense
Por Redação Portal Nova Candeias
Candeias, historicamente conhecida como a "Cidade das Luzes" e um dos pilares do desenvolvimento industrial da Bahia, vive hoje um momento de profunda reflexão e transição. Durante mais de sete décadas, a história do município se fundiu com a da Refinaria Landulpho Alves (RLAM). No entanto, a venda da primeira refinaria do Brasil para o grupo árabe Mubadala, que hoje opera sob a marca Acelen, mudou as regras do jogo e impactou diretamente a realidade de quem vive e trabalha aqui.
A Realidade em Candeias: Do Pátio Industrial à Mesa do Trabalhador
Para o morador de Candeias, a refinaria nunca foi apenas um conjunto de torres e chaminés no horizonte; ela representava a garantia de empregos qualificados e uma arrecadação robusta para a prefeitura. Com a privatização, o cenário laboral sofreu alterações. Embora a Acelen tenha anunciado investimentos em modernização e energia verde, a transição gerou incertezas entre os trabalhadores terceirizados e o comércio local.
Muitos prestadores de serviço que antes tinham contratos de longo prazo com a estatal agora enfrentam um mercado mais rigoroso e competitivo. No centro de Candeias, o reflexo é sentido nos restaurantes, hotéis e pequenas lojas que dependiam do fluxo de trabalhadores da refinaria. A pergunta que paira nas ruas é: como Candeias pode se reinventar para não ser dependente de uma única gigante industrial?
O Contexto da Bahia: O Estado com a Gasolina mais Cara?
A realidade de Candeias transborda para o estado da Bahia. Desde que a Acelen assumiu a operação, a Bahia frequentemente registra preços de combustíveis acima da média nacional. Isso ocorre porque, ao contrário da Petrobras que muitas vezes segura preços por pressões políticas ou estratégicas , uma empresa privada segue estritamente as variações do mercado internacional e do dólar.
Para o baiano, isso significa um custo de vida mais elevado. O frete fica mais caro, o preço dos alimentos no mercado sobe e o transporte coletivo sofre pressão para reajustes. Candeias, apesar de produzir e refinar, sente o peso de estar no epicentro dessa política de preços de livre mercado.
Brasil: O Dilema da Autossuficiência e das Privatizações
O que acontece em Candeias é um espelho do debate que domina Brasília. O Brasil possui vastas reservas de petróleo, mas ainda luta para garantir preços justos ao consumidor final. A venda da RLAM foi um marco no programa de desestatização, sob o argumento de que a livre concorrência baixaria os preços — algo que, na prática baiana, ainda é motivo de intenso debate entre economistas e políticos.
A nível nacional, discute-se a necessidade de investir em novas refinarias e na transição para o hidrogênio verde, área onde a Acelen prometeu investir bilhões na Bahia. Candeias está posicionada para ser protagonista nessa nova era, mas o desafio social imediato é garantir que essa riqueza não "passe direto" pela cidade, deixando apenas a poluição, mas sim que se transforme em escolas, hospitais e qualidade de vida.
Conclusão: O Caminho para o Futuro
A realidade de Candeias, conectada à Bahia e ao Brasil, mostra que a privatização da RLAM é mais do que uma transação comercial; é uma mudança de paradigma social. O futuro de Candeias depende da capacidade de suas lideranças e da sociedade civil em exigir que os novos investimentos industriais tragam, além de tecnologia, dignidade e emprego para o povo da terra.
O Portal Nova Candeias continuará acompanhando de perto cada reajuste, cada investimento e cada impacto no cotidiano do nosso povo. Porque, no fim das contas, a economia só faz sentido se ela servir para melhorar a vida de quem acorda cedo para construir esta cidade.
