Vamos abordar de forma crítica e explicativa a desigualdade fiscal no Brasil:
A estrutura tributária brasileira é uma das mais perversas do mundo. Enquanto os bilionários e grandes investidores embolsam cerca de R$ 960 bilhões por ano apenas em juros e lucros financeiros, quase sem pagar impostos, a maior parte da arrecadação nacional recai sobre os ombros dos mais pobres.
Isso acontece porque a base da arrecadação no Brasil é concentrada em impostos sobre o consumo, como o ICMS, PIS, COFINS e ISS. Esses tributos são pagos igualmente por todos, independentemente da renda. Ou seja, um trabalhador que ganha um salário mínimo paga, proporcionalmente, mais impostos do que um milionário.
Esse modelo fiscal regressivo inverte a lógica da justiça tributária: os que têm menos pagam mais; os que têm mais, quase nada. Enquanto o povo paga altos tributos em alimentos, transporte, energia e produtos básicos, os mais ricos lucram com isenções sobre dividendos, heranças e aplicações financeiras.
No Brasil, os dividendos distribuídos a acionistas não são tributados desde 1995, um privilégio que coloca o país na contramão das economias mais desenvolvidas. Bilionários e grandes investidores acumulam fortunas sem contribuir proporcionalmente com os serviços públicos.
Enquanto isso, a classe trabalhadora financia a máquina do Estado. São os pobres que pagam por escolas públicas sucateadas, hospitais lotados, transporte precário e segurança insuficiente. O retorno do imposto pago é pequeno e injusto, gerando um ciclo contínuo de exclusão e desigualdade.
Essa concentração de renda é intencional. O sistema é desenhado para manter os privilégios da elite econômica, que exerce forte influência sobre o Congresso Nacional, bloqueando reformas que poderiam corrigir essa distorção, como a tributação sobre grandes fortunas, lucros e dividendos.
Além de não contribuírem como deveriam, os bilionários brasileiros também não devolvem seus lucros em forma de responsabilidade social. São poucos os investimentos em infraestrutura, educação ou saúde feitos voluntariamente. O foco é sempre o lucro máximo, mesmo à custa da miséria alheia.
Com um PIB trilionário, o Brasil poderia ser uma das nações mais justas do mundo. No entanto, a falta de vontade política para enfrentar os interesses dos super-ricos transforma o país num território de profunda desigualdade, onde os pobres financiam o luxo de poucos.
Enquanto o discurso dominante tenta culpar programas sociais pelo desequilíbrio fiscal, os verdadeiros culpados são protegidos pelo silêncio e pela blindagem do sistema político e da grande mídia, que raramente denuncia os privilégios dos mais ricos.
É urgente reformar o sistema tributário, promover a justiça fiscal e exigir que quem lucra com o Brasil também invista nele. Só assim poderemos garantir educação de qualidade, saúde pública decente, infraestrutura eficiente e segurança para todos, e não apenas para a elite.
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