Enquanto Candeias, na Bahia, ostenta a nona posição entre as cidades mais ricas do estado, com um PIB de R$ 6,8 bilhões em 2021, seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) de 0,660 revela um retrocesso alarmante em áreas cruciais como educação, saúde e renda, colocando-a entre os piores desempenhos estaduais. A educação sofre com altas taxas de evasão escolar e baixa qualificação, enquanto o sistema de saúde municipal, apesar da proximidade com o polo industrial de Camaçari, é marcado por infraestrutura precária e atendimento insuficiente. Os baixos salários dos servidores públicos, entre os mais reduzidos da Bahia, agravam a desmotivação e a ineficiência administrativa. O atual grupo político, sem planos claros para o presente ou futuro, não capitaliza a riqueza local para investimentos estruturais, aprofundando a estagnação de Candeias e perpetuando desigualdades em uma cidade que, apesar do potencial econômico.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Candeias, na Bahia, permanece entre os mais baixos do estado, refletindo um cenário de retrocesso em áreas cruciais como educação, saúde e renda, apesar de o município ser considerado o quinto mais rico da Bahia em termos de Produto Interno Bruto (PIB). Com um IDH-M de 0,660 (Atlas do Desenvolvimento Humano, 2022), classificado como "médio desenvolvimento", Candeias enfrenta desafios estruturais que contrastam com sua riqueza econômica, impulsionada pela proximidade com o polo industrial de Camaçari e pela arrecadação de royalties. A estagnação é agravada pela ausência de políticas públicas eficazes e pela falta de um plano claro de desenvolvimento urbano, econômico e humano, tanto pelo atual gestor quanto pela Câmara de Vereadores, o que perpetua a desigualdade e impede a transformação do potencial econômico em qualidade de vida para a população.
Na educação, Candeias apresenta indicadores preocupantes, com retrocessos que dificultam o progresso do IDH. Dados do IBGE (PNAD Contínua, 2021) mostram que a escolaridade média no município é inferior à média estadual, com altas taxas de evasão escolar, especialmente no ensino médio, e baixa qualidade no ensino fundamental. Escolas municipais sofrem com infraestrutura precária, falta de materiais didáticos modernos e professores desvalorizados, muitos recebendo salários abaixo da média estadual. A ausência de investimentos em capacitação docente e em programas de inclusão educacional, como reforço escolar ou ensino técnico, limita as oportunidades para jovens, perpetuando um ciclo de baixa qualificação e desemprego, mesmo em um município com potencial econômico elevado.
O sistema de saúde municipal de Candeias é outro ponto crítico, marcado por décadas de subfinanciamento e gestão ineficiente. A cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) é inferior à média estadual, com apenas cerca de 30% da população atendida, segundo dados do Ministério da Saúde (2023). Postos de saúde enfrentam falta de medicamentos, equipamentos obsoletos e longas filas, enquanto o principal hospital municipal opera com capacidade limitada, sobrecarregado por demandas que vão desde atendimentos básicos até casos de alta complexidade. A expectativa de vida, embora próxima da média estadual (73 anos), não reflete a qualidade do atendimento, que é prejudicada pela falta de especialistas e pela demora em transferências para unidades de referência em Salvador.
Os baixos salários dos servidores públicos municipais são um entrave adicional ao desenvolvimento de Candeias. Comparados a outros municípios de mesmo porte econômico na Bahia, como Camaçari e Simões Filho, os vencimentos em Candeias estão entre os piores do estado, especialmente para categorias como professores, agentes de saúde e funcionários administrativos. Essa desvalorização resulta em baixa motivação, alta rotatividade e dificuldades em atrair profissionais qualificados, impactando diretamente a qualidade dos serviços públicos. A falta de reajustes salariais regulares e de planos de carreira estruturados agrava a situação, criando um ambiente de insatisfação que se reflete na prestação de serviços à população.
O atual grupo político, liderado pela família Pitágoras, que domina a política local há anos, é criticado pela ausência de um plano estratégico para o presente e o futuro de Candeias. Diferentemente de gestões anteriores, como a de Tonha Magalhães (1997-2004), que implementou melhorias em infraestrutura e serviços sociais, a administração atual não apresenta um cronograma claro de desenvolvimento. Projetos de longo prazo, como a modernização da infraestrutura urbana, a atração de indústrias de alto valor agregado ou a criação de polos educacionais, são inexistentes, o que contribui para a estagnação do município. A falta de visão estratégica impede que a riqueza gerada pelo PIB se traduza em benefícios concretos para os cidadãos.
A Câmara de Vereadores de Candeias, composta por 17 membros, também não demonstra iniciativa em propor ou fiscalizar um plano de desenvolvimento urbano, econômico e humano. As sessões legislativas frequentemente se limitam a discussões pontuais, sem abordar questões estruturais como a revisão do Plano Diretor Municipal, que está desatualizado, ou a criação de incentivos fiscais para novos negócios. A ausência de articulação entre os vereadores e o executivo municipal resulta em um vácuo de planejamento, com projetos de lei que raramente priorizam o combate às desigualdades ou o fortalecimento das políticas públicas.
Apesar de sua posição como o quinto município mais rico da Bahia, com um PIB per capita elevado devido à atividade industrial e aos royalties do petróleo, Candeias não consegue converter essa riqueza em desenvolvimento humano. Segundo o IBGE (2020), a economia local é fortemente dependente de setores como comércio, serviços e agricultura de pequena escala, com pouca diversificação. A proximidade com o polo de Camaçari, que atrai grandes indústrias, não foi aproveitada para criar um ecossistema econômico local robusto, capaz de gerar empregos qualificados e reduzir a dependência de atividades de baixa remuneração.
A falta de um plano de desenvolvimento urbano é particularmente prejudicial em um município com crescimento populacional desordenado. Candeias enfrenta problemas como ocupações irregulares, saneamento básico precário (apenas 60% da população tem acesso à rede de esgoto, segundo o IBGE) e mobilidade urbana deficiente. A ausência de investimentos em transporte público eficiente e em infraestrutura viária agrava o isolamento de bairros periféricos, dificultando o acesso a empregos, escolas e serviços de saúde. Um plano diretor atualizado, com zoneamento claro e incentivos à habitação popular, poderia mitigar esses problemas, mas não há indícios de sua elaboração.
O contraste entre a riqueza econômica e o baixo IDH de Candeias reflete uma gestão que prioriza interesses de curto prazo em detrimento do bem-estar coletivo. Enquanto cidades como Feira de Santana e Vitória da Conquista, também na Bahia, avançam em indicadores de desenvolvimento humano com investimentos em educação, saúde e inovação, Candeias permanece estagnada. A ausência de diálogo com a sociedade civil e de transparência na aplicação dos recursos públicos reforça a percepção de que o grupo político atual não tem compromisso com o futuro do município.
Para reverter esse cenário, Candeias precisaria de uma reformulação completa em sua gestão, com foco em: (1) investimentos massivos em educação, incluindo a construção de escolas técnicas e parcerias com instituições como o SENAI; (2) fortalecimento do sistema de saúde, com ampliação da cobertura da ESF e modernização do hospital municipal; (3) valorização dos servidores públicos, com reajustes salariais e planos de carreira; e (4) elaboração de um plano de desenvolvimento urbano e econômico, com metas claras para os próximos 20 anos. A participação da sociedade civil e de especialistas em planejamento urbano seria essencial para garantir a legitimidade e a eficácia dessas iniciativas.
Em resumo, Candeias enfrenta um paradoxo: é um dos municípios mais ricos da Bahia, mas seu IDH e seus indicadores sociais estão entre os piores do estado. A combinação de retrocessos na educação, fragilidades no sistema de saúde, desvalorização dos servidores e ausência de planejamento por parte do grupo Pitágoras e da Câmara de Vereadores perpetua a estagnação. Sem uma mudança radical na gestão e na visão política, o município continuará desperdiçando seu potencial econômico, enquanto a população sofre com serviços públicos precários e falta de perspectivas para o futuro.
Fonte: https://candeiastemnoticia.online/candeias-quinto-pib-ultimos-em-desenvolvimento-humano
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